segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ao aproximar do Natal



Antevéspera de Natal. Embora a tarde estivesse ensolarada preferi deitar-me no sofá da sala e colocar alguma música para relaxar. O disco era uma seleção de árias de ópera italiana, interpretadas por Maria Callas. De início começou a tocar Vissi d’Arte de que tanto gosto. Fui envolvido por uma atmosfera emotiva que ao mesmo tempo me embriagava, me aliviava das tensões do dia. Aquela Tosca realmente era diferente de muitas das que eu havia escutado até então, e mexeu em algo dentro de mim que nunca sentira com outra Floria.
Passado o momento de êxtase, levantei-me, fui até a cozinha procurar algo para beber, pois estava sedento. Na geladeira, ainda encontrei o suco de abacaxi que eu mesmo havia preparado no almoço daquele sábado quente. Voltei à sala, troquei o disco e coloquei outro, da Piaf, que ganhara de minha professora de piano. Fui até a varanda refrescar-me, embora pouco ventasse lá fora. O abafamento daquele dia de verão persistia.
O telefone tocou. Minha tia chamando-me para jantar com eles. Agradeci ao convite, mas disse que preferia ficar em casa naquela noite, descansando um pouco e refazendo uns textos que começara no dia anterior. Fui tomar outro banho. Que alívio!
Após alguns minutos, a chuva. Finalmente! Chovia torrencialmente. Ainda pude sentir o cheiro da terra molhada e ver os passarinhos contentes, sacudindo as penas, refrescando-se. Desliguei a música que tocava. Por alguns minutos, fiquei sentado na poltrona da sala admirando a água que escorria pela vidraça. Contemplando e ouvindo a chuva que caía...
Um sol, tímido, ainda saiu. E mais uma bela obra da Natureza para findar aquela tarde de verão: um arco-íris. A criança dentro de mim despertou; fiquei curioso de segui-lo até o seu final e lá encontrar o pote de ouro.
 Voltei à realidade. Sentei-me ao computador. Coloquei novamente o disco de Piaf, que tocava baixinho, enquanto refazia um de meus textos. Aliás, o único que consegui refazer até naquele momento, pois o cansaço falou mais forte e resolvi deitar-me um pouco, e acabei adormecendo profundamente, acordando somente no outro dia.

Véspera de Natal. Despertei com a rua movimentada. Crianças na expectativa. Uma menina de seus cinco anos ia de mãos dadas com os pais a perguntar quando o velhinho de longas barbas brancas viria trazer seus presentes. Duas mulheres de meia idade caminhavam em direção ao mercado, comentando entre si o que pensavam em comprar para os comes e bebes da noite natalina. Todos eufóricos. Eufóricos com os presentes, com as compras para a ceia... Nem todos... O Natal seria o mesmo em todos os lares? Passei o dia a refletir sobre essa data...  

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