domingo, 7 de julho de 2013

O Despertar


                                                     Quem me dera voltar à inocência
                                                     Das coisas brutas, sãs, inanimadas...        
 
                                                                                      Florbela Espanca  

 Em determinados dias nos bate uma certa nostalgia; vontade de voltar no tempo, de reviver momentos. Bastam algumas imagens, cheiros, músicas... para que nos remetamos à nossa juventude, à nossa infância. Saudades daquelas horas de risos e brincadeiras... 
          É um momento mágico poder ser trasportado pela memória àqueles dias de inocência e sonhos... tudo passando como um filme. Sentir o cheiro de mato, da terra, das marcas deixadas pelos animais que por ali passam, sejam montados, sejam guiados em uma charrete ou carroça. Lembranças... doces lembranças aquelas de meu tempo de menino do interior. 
           Hoje, o menino acordou, nessa manhã de inverno, olhou o sol que começava a despertar preguiçoso, e saiu a caminhar pela estrada, sem destino, o frio da manhã batendo em sua face que começava a se aquecer com a morna luz solar. Cada parada para contemplar aquela paisagem, era uma longa viagem nos anos.
As horas passavam velozes e meus dedos queriam pegá-las, retê-las no tempo presente, apreender aquele instante para sempre e trazê-lo junto a mim, quando voltasse para casa. Porém, o que ficou foi somente a lembrança do vivido outrora; corpo e alma saciados, o prazer de pisar com os pés descalços na terra úmida ainda do sereno da noite e a vida explodindo em cores, sons e cheiros...

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