Quem me dera voltar à inocência
Das coisas brutas, sãs, inanimadas...
Florbela Espanca
Em determinados dias nos bate uma certa nostalgia; vontade de
voltar no tempo, de reviver momentos. Bastam algumas imagens, cheiros,
músicas... para que nos remetamos à nossa juventude, à nossa infância. Saudades
daquelas horas de risos e brincadeiras...
É um momento mágico poder
ser trasportado pela memória àqueles dias de inocência e sonhos... tudo
passando como um filme. Sentir o cheiro de mato, da terra, das marcas
deixadas pelos animais que por ali passam, sejam montados, sejam guiados em uma
charrete ou carroça. Lembranças... doces lembranças aquelas de meu tempo de
menino do interior.
Hoje, o menino acordou,
nessa manhã de inverno, olhou o sol que começava a despertar preguiçoso, e saiu
a caminhar pela estrada, sem destino, o frio da manhã batendo em sua face que
começava a se aquecer com a morna luz solar. Cada parada para contemplar
aquela paisagem, era uma longa viagem nos anos.
As horas
passavam velozes e meus dedos queriam pegá-las, retê-las no tempo presente,
apreender aquele instante para sempre e trazê-lo junto a mim, quando voltasse
para casa. Porém, o que ficou foi somente a lembrança do vivido outrora; corpo
e alma saciados, o prazer de pisar com os pés descalços na terra úmida ainda do
sereno da noite e a vida explodindo em cores, sons e cheiros...
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